The Lighthouse

Minha trajetória - Uma história de superação e coragem de viver o que faz sentido

Nasci em Salvador da Bahia, Brasil, numa família de mulheres fortes. Desde pequena via meus pais trabalhando muito para nos dar uma boa educação e qualidade de vida. Ambos trabalhavam no setor de educação, sendo que minha mãe chegava a trabalhar três turnos por dia como professora. Foram inúmeras as vezes que eu e a minha irmã mais nova ouvíamos: “já que não havíamos nascido ricas, para crescer na vida e ser independente, há que se trabalhar e estudar muito!” Então, desde miúda duas coisas ficaram claras para mim: eu precisava estudar e trabalhar muito.

Segui os conselhos dos meus pais e estudei. Não era a melhor aluna, mas me esforçava muito, pois precisava manter a bolsa de estudos e dar o exemplo – era filha de uma das professoras do tradicional Liceu Salesiano! Aos 16 anos havia concluído o ensino secundário e com tão pouca idade já precisava definir a minha carreira profissional. Então segui meu coração, fiquei atenta às matérias e áreas com as quais tinha afinidade e também aos meus talentos, pois já que teria que passar boa parte da minha vida estudando e trabalhando, teria que ser com algo com o qual me identificasse e gostasse de fazer! Naquela altura, como sabia que amava desenhar, me comunicar e me relacionar com as pessoas, os cursos escolhidos foram: Arquitetura e Comunicação Social. Como não sabia ao certo qual dos dois caminhos seguir, a certa altura estava a cursar dois cursos, Arquitetura na Universidade Federal e Comunicação na Universidade Católica.

Naquela época, minha família não tinha como custear um curso numa universidade particular, e como eu não queria abrir mão do curso de Comunicação Social, resolvi trabalhar para pagar parte dos meus estudos. Foi então que comecei a sentir a pressão e o cansaço do binômio trabalhar-estudar. Trabalhava pela manhã, almoçava no carro do meu pai enquanto ele corria para me deixar na Faculdade de Comunicação e finalizava a minha maratona diária às 22h, na Faculdade de Arquitetura… Eu tinha 18 anos.

Era notório que eu não poderia seguir naquele ritmo por muito tempo, já que eu me dedicava intensamente a tudo que eu fazia, pois o meu foco era “crescer e ser independente”. A Faculdade de Arquitetura exigia dedicação quase que exclusiva, e por conta da minha disponibilidade de horários não conseguia pegar todas as disciplinas; acabava ficando apenas com as matérias noturnas, o que me atrasava cada vez mais no curso. Como só tinha as madrugadas e os finais de semana para estudar, eu tentava ser o mais eficiente possível, mas tinha que tomar uma decisão, ou colocaria em risco a minha carreira. Novamente ouvi meu coração, abandonei a Faculdade de Arquitetura, me formei em Comunicação Social e fui fazer uma pós-graduação em Marketing!

Assumi meu primeiro cargo de liderança e gestão de pessoas aos 23 anos. Amava o que fazia, não existia nada que me deixasse mais feliz do que me relacionar com a minha equipe e solucionar problemas dos clientes. Eu estava sempre atenta às oportunidades e tinha um foco muito claro na minha carreira profissional: me esforçava e me dedicava muito para me destacar no trabalho e buscava cursos, formações e o que mais fosse necessário para estar preparada para futuras oportunidades de crescimento. Resolvi então voltar para a faculdade e estudar Administração de empresas.

Apesar de todo meu esforço e preparação, eu sabia que a minha vontade de crescer profissionalmente poderia ser limitada pelas oportunidades do lugar onde eu vivia (Bahia), pois as grandes empresas estavam no Sul e Sudeste do Brasil. Então comecei a me candidatar a vagas de trabalho fora do meu estado e acabei tendo que deixar a minha família e amigos e trancar a Faculdade de Administração para começar a minha jornada com as empresas de Retail pelo Brasil a fora. Para quem queria desafios, ritmo intenso e crescimento profissional, parecia ser a fórmula ideal! Por ser solteira, sem filhos e demonstrar total disponibilidade, acabava sendo transferida e alocada nos mais diversos estados do Brasil – São Paulo, Pará, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraná. Conheci muitos lugares, muitas pessoas especiais, enfrentei muitos desafios, amadureci e me desenvolvi, trabalhei em grandes empresas, liderei pessoas incríveis. O Retail me trouxe muitas coisas boas, além de ter o ritmo e dinamismo que eu buscava: aprendi e cresci muito. 

A minha independência e carreira profissional eram prioridades, porém havia coisas das quais eu não abria mão: os meus valores e trabalhar com o que eu gostava – liderança e gestão de pessoas. Porém, eu já não tinha mais vinte e poucos anos, queria parar em algum lugar para morar, criar vínculos e me estabelecer. São Paulo seria “a” cidade: desafiadora, plural, centro financeiro e empresarial do país, e cheia de oportunidades profissionais. Por lá fiquei bons anos, fui crescendo e construindo uma carreira de sucesso, aceitava desafios, motivava as pessoas, tinha foco em resultados, era assediada por headhunters… O céu era o limite e o sonho era chegar à diretoria de uma grande empresa. Contudo, por mais obstinada e determinada que eu fosse, acreditava que este seria o ápice da minha carreira, e não pensei muito no que poderia vir depois. Esse já era um sonho grande e desafiador e certamente levaria mais um par de anos até eu sentar nessa cadeira.

Sempre tive muita fé, mas nunca achei que a fé por si só bastasse: meus pais sempre falaram em estudar e trabalhar muito, ser independente, crescer…. Fiz um MBA em gestão de negócios, saí de empresas onde não me sentia desafiada ou não tinha possibilidade de crescimento (digamos que ser mulher e nordestina nem sempre foram facilitadores), e decidi que o meu lugar era onde eu quisesse estar e me sentisse bem. Tinha muito orgulho das minhas raízes e vinha de uma família de mulheres guerreiras. Meu caminho podia não ser fácil – muitas vezes não foi, mas eu adorava desafios, não enxergava limites para o meu sonho e nunca precisei desrespeitar ou puxar tapete de ninguém: conquistava o meu espaço através dos meus talentos e esforço e ajudava outras pessoas a crescerem. Sempre achei que houvesse espaço para todos e que seria mais fácil se um apoiasse o outro.

Seja bem-vinda à Sephora! Em 2012 iniciei a minha carreira no maior Retailer de beleza do mundo como gerente de operações. Era o ano em que a companhia tinha entrado no Brasil e o meu desafio era estruturar toda a operação do retail. Acho que nunca trabalhei tanto na minha vida, nem lembro de ter passado por tantos desafios e crescimento. Participar do início de uma operação que chega no Brasil significa, literalmente, começar tudo do zero! Recebíamos muitas orientações e fora, mas quem conhece o Brasil sabe o quão desafiador é adaptar qualquer padrão ao país (a maioria das coisas não eram facilmente adaptáveis), então muitos procedimentos tiveram que ser criados do zero. Foi emocionante participar do crescimento da companhia! Fui responsável por desenhar o departamento de operações e vendas, criar processos e procedimentos de loja, organizar e coordenar todas as inaugurações, criar departamento de compras internas (insumos), prevenção a perdas, inventários, ufa! O meu senso de pertencimento e amor pela marca só crescia. Eu chorava com as inaugurações, sentia-me realmente dona do negócio e a Sephora tornava-se cada vez mais parte de mim. O meu diferencial? Gestão de pessoas, energia e foco em resultados. Fui crescendo junto com a empresa e rapidamente ia ganhando mais desafios e novas áreas: expansão, projetos, vendas… Até que finalmente cheguei ao tão desejado cargo de diretoria. 

Ao todo foram quatro promoções em cinco anos e duas vezes apontada como destaque. Vivia o sonho de todo profissional que buscava crescimento, reconhecimento e desafio. Amava o que eu fazia e o fato de poder inspirar e ser inspirada pelas pessoas me trazia muita alegria. Aquilo era mais do que um trabalho para mim. No Brasil eu era a “Grazi da Sephora”.

Em 2017 comecei a querer novos desafios, sentia que já tinha cumprido a minha missão e conquistado o meu espaço, até que a minha antiga chefe e mentora, Flávia, juntamente com o CEO Global da época, me ofereceram um novo desafio – Ser Country Manager da Sephora Portugal! Acho que foi a decisão de vida e carreira mias rápida que tomei na minha vida.

Aqui em Portugal meus desafios eram outros: melhorar o clima interno, trazer mais notoriedade para marca, “digitalizar” a Sephora Portugal, lançar a Sephora.pt e fazer buzz nas redes sociais. Meu primeiro ano foi de adaptação e de muitos desafios, com equipe nova, cultura nova, cargo novo, report novo. Passei por um dos maiores desafios da minha vida, desde me adaptar a uma língua que eu julgava conhecer, entender a cultura através do comportamento das pessoas, me acostumar a estar sozinha, num país desconhecido, longe da família e dos amigos. Tudo isso junto com a chegada dos meus 40 anos. 

 O segundo ano foi intenso, já entendia a operação portuguesa, já havia conquistado a equipa e agora precisávamos levar a companhia para um novo patamar. Eu e minha equipa portuguesa fomos incansáveis, os resultados falavam por si só, toda a gente comentava. Eu estava orgulhosa da conquista, mas já estava fisicamente cansada, e logo comecei a questionar o que realmente era importante para mim e o que mais poderia fazer sentido, além da minha tão sonhada carreira corporativa. Tudo começou a pesar, sofria com a chegada das segundas-feiras, via meus valores sendo postos a prova, sentia a distância da minha família e a minha saúde se fragilizava. Começou a ficar “caro demais” e tive medo. Percebi que a minha vida era muito mais do que estudar e trabalhar numa empresa das 09 às 20h. Comecei a questionar qual seria o meu próximo passo, qual seria o plano B, o que realmente era importante para mim e quais seriam as minhas alternativas. Encarei uma profunda jornada de autoconhecimento: conhecia meus dons e talentos, mas faltava prestar atenção ao que me deixava verdadeiramente feliz. Queria fazer algo que tivesse impacto na vida das pessoas. Quando dei por mim, estava diante da resposta. Aliás, eu sempre estive, só não percebia. Precisava trabalhar com pessoas, orientando-as, inspirando-as e ensinando-as sobre como redirecionar suas carreiras, mas sem deixar de lado o que realmente é importante pra elas. Estava diante do meu propósito.

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